terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Conceito Parangolé na educação...

Vídeo entrevista com o responsável por levar o "conceito de arte parangolé", de Hélio Oiticica para a educação interativa, participativa e colaborativa, seja na sala de aula ou na educação a distância...


Há, certamente, a banalização decorrente do seu uso indiscriminado como argumento de venda. No entanto, o adjetivo “interativo” qualifica oportunamente a modalidade comunicacional emergente no último quarto do século XX. Qualifica a nova relação emissão-mensagem-recepção, diferente daquela que caracteriza o modelo unidirecional próprio da mídia de massa (rádio, cinema, imprensa e tv) baseado na transmissão.

O termo “interatividade” apareceu na década de 1970 entre críticos da mídia unidirecional de massa. E ganhou destaque quando adotado por informatas que buscavam um termo específico para exprimir a novidade do computador que substitui as herméticas linguagens alfanuméricas pelos ícones e janelas conversacionais que permitem interferências e modificações na tela. Portanto, interatividade não é meramente um produto da tecnicidade informática. O conceito tem raízes na arte participacionista da década de 1960 e na virada do século 20 para o 21 se apresenta como tendência geral, como novo ambiente comunicacional em nosso tempo, como novo paradigma que pode substituir o paradigma da transmissão próprio da mídia de massa.

A transmissão, emissão separada da recepção, perde sua força na “era da informação” ou na “era digital”, quando está em evidência a imbricação de pelo menos três fatores: 1) novas tecnologias informáticas conversacionais, isto é, a tela do computador não é espaço de irradiação, mas de adentramento e manipulação, com janelas móveis e abertas à múltiplas conexões; 2) estratégias dialógicas de oferta e consumo envolvendo cliente-produto-produtor; 3) o novo espectador, menos passivo perante a mensagem mais aberta a sua intervenção, aprendeu com o controle remoto da tv, com o joystic do videogame e agora aprende como o mouse.

Na era da interatividade ocorre a transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isto significa modificação radical no esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor.

O emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada, ele oferece um leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor.

A mensagem não é mais “emitida”, não é mais um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado, ela é um mundo aberto, modificável na medida que responde às solicitações daquele que a consulta.

O receptor não está mais em posição de recepção clássica, ele é convidado à livre criação e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção.

Atentos a essa mudança, empresários da informática e informatas reconhecem a demanda social por interatividade e anunciam o aprimoramento das tecnologias interativas. Eles prometem uma nova geração de aplicativos para a Internet com funcionamento relativamente simples e preço acessível, prevendo que até meados desta década mais da metade da população mundial usará algum aparelho conectado à Web. Garantem maior integração de diferentes funções (vídeo, áudio, texto e interatividade) num terminal capaz de enviar, receber e tratar a informação. E vislumbram a possibilidade do usuário interagir em tempo real com alguém, como em uma videoconferência, ou vincular mídias clássicas como tv, cinema, rádio e imprensa à interatividade da Internet. Tais promessas, garantias e esperanças, acenam para um futuro interativo quem nem sempre incluirá o infopobre, o sujeito excluído do ciberespaço, mais exatamente uma grande parcela da população mundial que ainda não têm acesso nem ao telefone.

Todavia, a transição da distribuição para a interatividade é divisor de águas extremamente oportuno e muito bem-vindo. Ela exige novas estratégias de organização e funcionamento da mídia clássica e redimensionamento do papel de todos os agentes envolvidos com os processos de informação e comunicação. Do mesmo modo, exige a modificação da base comunicacional que faz da sala de aula tão unidirecional quanto a mídia de massa.

Prof. Dr. Marco Silva

SOCIÓLOGO pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

MESTRE em Educação pelo Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas (IESAE/FGV). Título da dissertação de mestrado: Modernidade, pós-modernidade e educação emancipatória (1992).

DOUTOR em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Título da tese de doutorado: Comunicação interativa e educação (1999). 

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